De início, é interessante ressaltar que um texto não é um aglomerado de frases que se justapõem ou um conjunto aleatório de palavras. A formação de um texto exige, de certa forma, a percepção de determinado(s) contexto(s). Nesse sentido, são elementos estruturadores textuais não somente palavras ou frases, mas, acima de tudo, intenções, situações e objetivos.
Em geral, é comum existirem divergências entre autores acerca de quantos e quais são os tipos textuais. No âmbito geral, no entanto, costuma-se estabelecer a tipologia textual, a partir da tríade narração, descrição, dissertação.
1. DESCRIÇÃO
É o recurso mais empregado na caracterização do ambiente e das personagens. A descrição é uma das formas de representação da realidade por meio de palavras. Essa realidade pode ser concreta ou fictícia. Há duas maneiras básicas de descrever: objetivamente ou subjetivamente. Na descrição objetiva, a realidade é retratada com a maior fidelidade possível, não se emitindo qualquer opinião ou julgamento. Na descrição subjetiva, a realidade é retratada de acordo com o ponto de vista do emissor, que pode opinar e expressar seus sentimentos.
Ao fazer uma descrição, deve-se levar em conta o receptor a quem a mensagem é dirigida. A descrição de um animal qualquer num livro infantil é bem diferente da que aparece numa obra destinada a adultos. A descrição está presente na nossa vida diária em um grande número de situações: do cientista que faz o relatório de uma experiência à jovem que descreve o namorado a uma amiga, passando pela dona de casa que lê instruções de um novo produto de limpeza. As possibilidades de descrições são praticamente ilimitadas: elas ocorrem em dicionários, enciclopédias, livros didáticos, manuais técnicos, textos publicitários, revistas de moda e de decoração, receitas culinárias, retratos falados, textos literários etc.
A multiplicidade de descrições é possível não apenas pela variedade de objetos descritos, mas também pelo grande número de descritores – os autores das descrições – , de intenções ou motivos, e de receptores de mensagens. Ora, qualquer processo descritivo depende do tipo de percepção do mundo circundante.
Exemplo:
Apareceu e vive por estes dias por aqui, um homem, de singular virtude, que seus companheiros chamam de Jesus, “Filho de Deus”; cura os enfermos e ressuscita os mortos. É belo de figura e atrai os olhares.
Seus cabelos são compridos e louros, lisos até as orelhas, e das orelhas para baixo, crescem crespos e anelados.
Divide-os ao meio, e chegam-lhe aos ombros, segundo os costumes da gente de Nazaré. As faces cobrem-se, de leve rubor. O nariz é bem contornado, e a barba crescida, um pouco mais escura do que os cabelos, é dividida em duas pontas.
Seu olhar revela sabedoria e candura. Tem olhos azuis com reflexos de várias cores. Este homem amável ao conversar torna-se terrível; ao fazer qualquer repreensão. Mas, mesmo nesse caso, sente-se nele um sentimento de segurança e serenidade.
Ninguém nunca o viu rir. Muitos, no entanto, o têm visto chorar. É de estatura normal, corpo ereto, mãos e braços tão belos que é um prazer contemplá-los. O tom da voz é grave, fala pouco, é modesto, é belo quanto o homem pode ser belo.
Chamam-lhe “Jesus, filho de Maria”.
(Carta escrita por Rubius Lêntulos, de Jerusalém para o Senado de Tibério César, em Roma. Mais ou menos no ano 30 de nosso calendário).
2. NARRAÇÃO
Essa expressão está frequentemente na boca dos contadores de histórias, gente que gosta de lembrar o que já aconteceu ou inventar o que poderá acontecer. Imaginar enredos, comandar o destino de personagens, contar fatos cotidianos ou extraordinários de diferentes maneiras, tudo isso pode tornar-se uma atividade muito gostosa.
O texto narrativo segue, geralmente, uma linha cronológica (temporal) e se estabelece em torno de verbos no passado.
Elementos da narrativa:
I. narrador (contador da história);
II. linguagem (verbal, não-verbal e mista);
III. enredo (sequência de fatos ou acontecimentos);
IV. personagens (entidades imaginárias que vivem esses fatos);
V. espaço ou cenário (lugar onde acontecem esses fatos);
VI. tempo (momento em que ocorrem esses fatos);
VII. foco narrativo (ângulo visual do narrador);
VIII. clímax (ponto máximo do conflito).
Exemplo:
Queixei-me de baratas. Uma senhora ouviu-me a queixa. Deu-me a receita de como matá-las. Que misturasse em partes iguais açúcar, farinha e gesso. A farinha e o açúcar as atrairiam, o gesso esturricaria o de-dentro delas. Assim fiz. Morreram.
(LISPECTOR, Clarice. A Quinta história. In: A legião estrangeira. RJ, Editora do Autor, 1964.)
Embora muito pequeno, esse texto contém os elementos essenciais da narrativa: narrador, personagens, acontecimento. Dentre as três personagens que habitam a minúscula trama – narrador, senhora, baratas -, duas são responsáveis pelos acontecimentos: o eu-narrador e a senhora que dá a receita. A história ainda contém um clímax, isto é, um ponto alto, que coincide com a frase final: “Morreram”.
3. DISSERTAÇÃO
Para que um texto dissertativo apresente lógica e coerência, deve ter uma determinada estrutura. A estrutura-padrão é constituída de:
Introdução = apresentação da ideia principal a ser desenvolvida;
Desenvolvimento = exposição de argumentos que vão fundamentar a ideia principal;
Conclusão = retomada da ideia principal, que deve aparecer de forma mais convincente, uma vez que já foi fundamentada durante o desenvolvimento.
3.1 Dissertação informativa: muito comum em jornais e revistas periódicas, essa espécie de dissertação é, sem dúvida, a mais comum no meio jornalístico. A notícia, por exemplo, é um gênero que se vale deveras desse recurso textual. O que importa para o texto é a informação — nada se discute criticamente, nada se defende argumentativamente.
3.2 Dissertação persuasiva: tida por alguns teóricos como sinônimo de texto argumentativo, o texto persuasivo se diferencia basicamente por apresentar um tipo de argumentação “intransigente”, em que não se abre espaço ao contraditório. O redator se coloca como dono da verdade absoluta e não abre concessão a questionamentos acerca de sua tese.
3.3 Dissertação argumentativa: espécie dissertativa, por excelência, presente em provas de concursos, ela representa o meio pelo qual o redator expõe seu ponto de vista, defende uma tese, argumenta, contra-argumenta. Veja a estrutura básica de um texto argumentativo:
O parágrafo de abertura: Tendo delimitado o assunto sobre o qual se vai escrever e elaborado um plano para estruturar o texto, é importante pensar no parágrafo que vai introduzi-l0. Ele deve, antes de mais nada, chamar a atenção do leitor para dois itens essenciais: os objetivos do texto e o plano de desenvolvimento.
O parágrafo de desenvolvimento: Geralmente desenvolvido, no caso dos concursos e vestibulares, entre 2 e 4 parágrafos, o desenvolvimento é o lugar da argumentação. É nele que o redator defende seus pontos de vista, com argumentos e contra-argumentos, com dados estatísticos, por meio de exemplos ilustrativos ou fatos concretos. Sugere-se que em cada parágrafo, haja um tópico definido – não é interessante dissertar sobre vários tópicos frasais em um único parágrafo. Ademais, é de bom alvitre não se prolongar demasiadamente nos períodos, tampouco construir o parágrafo inteiro com um período só.
O parágrafo final: Outro item importante para se redigir um texto dissertativo é a formulação da conclusão. Esse parágrafo de desfecho deve conter, de modo resumido, o objetivo proposto na introdução, acrescido da argumentação básica empregada no desenvolvimento. Importa ao dissertante guardar para esse momento do texto algo encantador, no intuito de convencer o leitor em relação à tese defendida. Não se defende aqui um texto cheio de “firulas” ou repleto de palavras “bonitas”. Na verdade, o encanto vem pela consistência dos argumentos apresentados, pelo bom emprego do vocabulário, além do domínio do chamado padrão culto do idioma.
NOTA: Veja na categoria TEXTOS: textos de alunos alguns bons exemplos de dissertações argumentativas.
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Muito bom!
ajudou muito…
GOSTEI MUITO DOS EXEMPLOS.
NA MINHA OPINIÃO PERFEITO. ME AJUDOU MUITO.